quarta-feira, 14 de abril de 2010

EXPRESSÃO

(O Grito – quadro de Edvard Munch)

Dê um grito,
O mais alto que puder.

Se surdos
Não te ouvem,
Gesticule.

Mostre a solução,
A todos que encontrar pelo caminho.

Se cegos,
Não te enxergam,
Mude a rota.

Expresse com franqueza,
Com arte,
Com música,
Poesia.
Expresse com sabedoria.
Se poucos o compreendem,

Persista.

CÂMARA DOS VEREADORES

(Quando o assunto é EDUCAÇÃO.)

Sentado no saguão,
Ouvindo vozes a falar,
Conversas desconexas.

Ninguém entende.
Ninguém se entende.
Ninguém entende-se.

Há um homem a falar,

Fala,
Se fala,
Fala-se.

De coisas estranhas...

E eu estranho,
Um estranho,
A observar.

E todos falam,

Se falam?

Ninguém ouve
Ninguém se ouve.
Ninguém ouve-se.

E...

Ninguém entende.
Ninguém se entende.
Ninguém entende-se.

LER





Reler,
Ler.
Interpretar,
De acordo com as coisas da vida.
De acordo com as cores do mundo.

Ler,
Reler,
Ler.
Libertar.
A alma que cativa se encontra.
O corpo que no escuro está.

Ler,
Reler,
Ler.
Viajar.
Pro espaço que oculto se encontra,
Dentre as serras que escondem o mar.

Ler,
Reler
Ler.

Co-expressar.

Ler,
Reler,
Ler.

Libertar.

Ler
Reler,
Ler.

Ler,

Reler (...).

EX-PRESSAR


Eu não quero a teoria literária
Quero apenas,
escrever minha poesia.

Quero expressar meu sentimento
tão presente.
Eu só quero me livrar da nostalgia.

Eu quero a vida com mais vida,
Todo dia...
Eu quero paz para compor,
a melodia.

Quero a pureza do mais puro querubim.
Eu quero a harpa,
E que ele toque,
Até o fim.

SEM VOCÊ


(Ao meu segredo.)

À noite... Choro e lamento
Escrevo um verso,
Me foge a rima.
Me sinto só,
E o só é tormento.

Amanhece o dia... Choro e lamento.
Não suporto mais...
Tua ausência é solidão.
Tamanho é o sofrimento.

Cai a tarde... Choro e lamento.
Espero um milagre...
No leito de um quarto,
Oro, me afugento.
E em meio à prece... Choro e
[lamento.

Entardeceu... Choro e lamento
Sem você...
Não agüento.
És vida da minha vida.
E vida sem ti
é sofrimento.

Anoiteceu... Choro e lamento...

Osmar Rosa de Lima Filho

O SÁBIO



Sofre o tormento
Da tua própria conquista.

Sempre discorda da suposta,
razão.

Sente a angústia
Da própria vida.

Sempre diz sim,
Quando o sim
Diz que não.

O sábio sabe...
A ignorância é o outro.

Sente-se só.
Sábia solidão.

Não sabe o outro...
Que o sábio é quem sofre.

(O sábio é quem sente?
O sábio é quem tem?
Insatisfação?)

O sábio vê dia
em noite escura,
Amarga o silêncio.
Tal qual escultura,

É bronze surgido.
Das mão de Rodin.

Nietzsche,
Freud,
Eu.

e o sábio?

Loucura,
Loucura.

TRADUÇÃO


(Ao ANJO meu.)

Tu és o futuro do pretérito perfeito.
O adjetivo que qualifica o amor dos amantes.
A preposição que uni,
orações subordinadas conflitantes.

Tu és sinônimo do substantivo vida.
O conto transcrito por mim sem partida.
A onomatopéia que meus lábios soou.

És a narração de sentimentos sublimes,
A dissertação que convence e redime,
aqueles que se amaram sem pudor.

És concordância.
És importância.
O alfabeto todo,
minha redundância.
És a sorte que o cosmo enviou.

Tu és amor.
És o vocábulo.
O neologismo,
do um ser letrado.
A prosopopéia do criador.

Tu és o verbo.
És boemia.
Tu és paixão,
És fantasia.

És o poema mais belo,
que já se recitou.

Osmar Rosa de Lima Filho

CONTRA-DIÇÃO


Tem mãos que compõe versos.
Tem versos que dilaceram a vida.

Tem vida que se perde a esperança.
Tem esperança que cura ferida.

Tem ferida que dói só de ver.
Tem ver que dá início à partida.

Tem partida que não se sente saudade.
Tem saudade que se dá na despedida.

Osmar Rosa de Lima Filho

JOÃO

( Ao meu amado João Victor de Albuquerque Lima Cruz)


És presente dos deuses.
És sorriso que contagia.
És a alegria mais intensa.
És o segredo da magia.

Se dissesse...
te amo!
Já não só bastaria.
És beleza ...
És encanto.
Sem você não viveria.

Escrevo versos de amor
e canto.
Ao olhar retrato teu.
És a inspiração da bela poesia.
Que recebe o nome teu.

João,
de amor e encanto.
Encanta simples versos meus.
De amor me emociono em pranto.
És obra prima de Deus.

Osmar Rosa de Lima Filho

FARMÁCIA


Foto: Goianésia do Pará.


(Ao melhor boticário de todos os tempos, Rodrigo de Souza. Meu grande amigo!)

Encontrei uma farmácia
que havia remédio pra solidão.
Era uma farmácia diferente,
o amor era a medicação.

Tinha remédio pra nostalgia,
dores emocionais,anemia.
Tinha remédio pra muita coisa ruim
Cada dose...
era suave melodia.

Era uma farmácia diferente,
Daquelas que quando se conhece,
não lhe sai da mente.

O boticário era doutor
e amava, no íntimo do teu silêncio.

Suas bulas,
poemas de amor.

Tomei todos os remédios que queria,
toque,
carinho,
palavra,
magia.

Harmonia,
este era o nome...
Harmonia!
Ali era possível
ver encanto,
Sabedoria.

Osmar Rosa de Lima Filho




ESPERANDO O REGRESSAR


Com tristeza abri a porta,
E nela vi você passar.
Por amá-lo o deixei livre,
Esperando o regressar.

A porta, deixei aberta.
Anos e anos a passar...
E no sofá nas noites frias,
A companhia era o luar.

Certa noite descontente,
Melancolia a consolar.A
porta abriu, pensei...
é o vento,
Que viera me abraçar!

Mas na soleira vi um vulto.
Será?
Oh Deus! Posso acreditar?
Serás tu meu grande amor,
Que viera me visitar?

E na penumbra vi você triste.
Arrependido a me abraçar.
Emoção veio e eu não contive.
Deixei uma lágrima rolar.

Ouvi a dúvida no teu silencia,
Por que esta porta aberta está?
E respondi com paixão ardente.
Esta porta sempre esteve aberta a te esperar.

Osmar Rosa de Lima Filho